segunda-feira, 6 de outubro de 2008

CLÉBIO REVELANDO O POETA OCULTO

O Quinto Mandamento

O homem da gravata de seda (estressado)

Em seu carro de luxo (sem blindagem)

Aguarda o farol mudar (vermelho)


O homem do boné vermelho (armado)

Bate no vidro do carro de luxo (sem blindagem)

Pede a carteira e o relógio (roubo)


O homem da gravata de seda reage (burrice)

Vários disparos e sangue (guerra urbana)

Dois mortos (boné e gravata)


Chega o anjo da justiça (brilhante)

Colhe os dois pelas mãos (divino)

“Vamos assassinos, o julgamento os espera” (espanto)


O homem do boné vermelho (chorando)

Sabe do crime que cometeu (matou)

E se entrega sem resistir (arrependido)


O homem da gravata de seda (indignado)

Grita ao anjo: (resistindo)

“Como posso eu - marido, pai, patrão, cristão - ser chamado assim” (de assassino)


O anjo tranqüilo como uma manhã (de domingo)

Diz ao homem da gravata de seda: (inquieto)

“Não precisas de uma arma para tirar vidas

Lembra-te de teu dia:

Mataste tua esposa com tua indiferença

Mataste teu filho com tua desesperança

Mataste teus funcionários com tua ignorância

Mataste teus irmãos com tua ira

E com tua ganância e egoísmo matou este homem que te matou”


E ao lembrar de seu dia, o homem da gravata de seda chorou e se deixou levar ao julgamento (redenção)

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