domingo, 27 de julho de 2008

QUEBRA TUDO SARAU DA BRASA, NÓIS É FODA !


(O MANIFESTO DO SARAU DA BRASA)

A Elite Treme

A elite encontra-se nos grandes centros comerciais, rodeada pelas periferias que ela própria inventou.

A periferia se arma e apavora a elite central.

Nas guerras das armas, os ricos reprimem os favelados com a força do Estado através da polícia.

Mas agora é diferente, a periferia se arma de outra forma. Agora o armamento é o conhecimento, a munição é o livro e os disparos vem das letras.

Então agente quebra as muralhas do acesso, e parte para o ataque.

Invadimos as bibliotecas, as universidades, todos os espaços que conseguimos, arrumar munição (informação).

Os irmãos que foram se armar, já estão de volta preparando a transformação.

Mas não queremos falar para os acadêmicos, mas sim para a dona Maria e o seu José, pois eles querem se informar.

E a periferia dispara.

Um, dois, três, quatro livros publicados.

A elite treme.

Agora favelado escreve livro, conta a história e a realidade da favela que a elite nunca soube, ou nunca quis contar direito.

Os exércitos de sedentos por conhecimento estão espalhados dentro dos centros culturais e bibliotecas da periferia.

A elite treme.

Agora não vai poder mais poder falar o que quiser no jornal ou na novela, porque os periféricos vão questionar.

O conhecimento trouxe a reflexão e a reflexão trouxe a ação, e agora a revolta esta preparada, e a elite treme.

Não queremos mais seu tênis, seus celulares.

Não queremos mais ser mão de obra barata, e nem consumidores que não questionam a propaganda.

Queremos conhecimento e transformações nas relações sociais.

A elite treme.

Agora não mais enquadramos madames no farol, e sim queremos ter os mesmos direitos das madames.

E é por isso que a elite TEME.


Vagner Sampaio

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Sidnei no Sarau Poesia na Brasa


Gente
Gente, gente é inteligente, gente é diferente, gente as vezes é inconsequente, tem gente que usa lente, tem gente que usa pente, mas tem gente que não usa nada e só sente, por que vê, seus irmãos carentes.
Porque tem gente negligente, porque tem gente que mente, porque tem gente delinquente.
Tem gente que é inocente, tem gente que não tem dente, tem gente ganhando leite, e diz o presidente: tudo bem não precisa de dente pra tomar leite. Não quero mais ver gente maltratando a nossa gente.
E esses mesmos entes que alienam agente, que eles sintam a capsula de pólvora quente, pois se eles estivessem aqui presente e nos achassem surpreendente, por que estamos no bar não só para beber aguardente, e quisessem que parassemos de sermos irreverente, eu diria, vem pra cima ou pelo menos tente.

Diego no Sarau da Brasa


Agora, esse momento

é motivo de orgulhar

Pois a nossa periferia

está a recitar

versos e poesias

como balas a perfurar

o corpo da mesmisse

e o extremo sussego do lar.

No lar está a minha gente

E unidos numa frágil corrente

assistem a novela que mente

o jornal que cala e consente

um humor demente

uma entrevista sem gente

outra novela que cala e consente

outro jornal que mente

outro humor sem gente

outra entrevista demente

num ciclo repetitivo e nada inocente.

Enquanto aqui vejo nossa gente

linda e inteligente

que na comunhão da palavra

fortalece o já forte elo da corrente

poe fogo na brasa

e numa noite fria nos tira de casa

com nossa coletiva solidão arrasa

afim de nos (re)envolver nesta grande casa.

Essa é a Samanta

Mulher

Ei você aí que não me conhece
Pra você não devo ser linda
Não me ache atraente
Não pense que sou apenas este corpo

Ei você que não me conhece
Não me ache linda
Não diga que sou atraente
Não pense em mim só com este corpo
Porque nele há sentimento e uma beleza tocável para aqueles que sabem amar

Um estereótipo é o que você segue
E eu repudio esta atitude
Não quero-lhe nem como amigo
Pois seria de burrice a maior
O amigo te vê como a amor

Doente, alegre, exausto, atrapalhado, extravagante, chato, aborrecido, insolente, nervoso, abalado. Mas ele fica com você assim mesmo, e como as emoções mudam como o sentido do vento, vai chegar o momento da virada de história e o outro que vai consolar agora e amparar aquele que dias atrás o aconselhava.

E é por isso alienado estranho que você antes de falar comigo deve CALAR A BOCA!

Vagner no Sarau Poesia na Brasa


Inspirações do Poeta


O Poeta se encontra preso dentro das próprias inspirações.
Ele gostaria de escrever sobre belas rosas de cheiro agradável que crescem no jardim.
Mas belas e lindas rosas aqui já não há.
Aqui temos como inspiração é o cheiro do lixão que insisti em acumular.
O poeta gostaria de escrever sobre o canto dos pássaros que anunciam a primavera.
Mas o som que inspira o poeta é o da bala que vara a noite anunciando a morte que não falha ao chegar.
Aqui Romeu e Julieta não viveram um grande amor proibido contado pelo grande autor.
Pelo contrário, aqui Julieta foi obrigada a casar com Romeu, pois na barriga carrega um filho seu.
Romeu, esse sim também aqui morreu, mas não de amor pela sua amada, mas Romeu morreu na bala, a mesma bala de inspiração do poeta.
E nossa Julieta não mudou a história, ela também morreu junto com seu amor.
Mas como seu amado, Julieta também não morreu de amor.
Morreu em uma maca de hospital esperando atendimento por conta de um aborto mal executado.
E é por isso que o poeta se vê preso e calado dentro das próprias inspirações.