quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Todos ficamos emocionados, coração a milhão quando a Van recitou a poesia.


Eram eles...
Os meninos que brincavm de recitar,
Pensavam e pensavam sem parar,
Em como esse mundo poderíamos mudar,

Eram sonhos....
Sonhos e ninguém pra acreditar,
Mas sonhavam e sonhavam sem parar,
Que um dia tudo ia melhorar,

Era realidade...
Finalmente alguém pra escutar,
E falavam e falavam sem parar,
Mudar ou melhorar....só sei que,
os meninos, a brincadeira, os versos...
Eram eles...Eram sonhos...Era realidade

Vanessa Rodrigues

(Vanessa aparece do lado esquerdo da foto, está de vermelho)

Francyelle


Essa minha sobrinha,nos deu muito orgulho no dia do sarau, fiquei emocionada com o verso que ela escreveu, pois este foi o seu primeiro, e ela escreveu depois de ter ido no sarau.
É isso aí, o objetivo do sarau é mostrar que todos são livres para se expressar, dizer o que incomoda, contar histórias, falar do amor e principalmente que, qualquer pessoa pode fazer poesia.

Sem palavras....



Da esquerda para direita (Camila do sarau da Cooperifa, ZS), Michel e a esposa Raquel (sarau do Elo da Corrente) e Renato Palmares (Cooperifa).

Prazer imenso em recebê-los, vieram com a corda toda, sem dúvida pra somar com a gente da Brasa.

Valeu !!

Os poetas do Sarau da Brasa


Noite de muita animação, o Sarau mais uma vez foi um sucesso!!!
Recebemos ilustres poetas da periferia que nos deram o prazer de ouvir e refletir as poesias.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ZÉ PRETO


Fazia um ano e meio que Zé Preto estava desempregado, faltava dinheiro para comprar o básico para seus quatro filhos, sua esposa Joana trabalhava como empregada doméstica e o salário só dava pra comprar arroz e feijão, a mistura ela conseguia pegando as sobras no final da feira e o gás eles ganhavam de uma igreja.O último emprego de Zé Preto foi em uma empresa de iluminação, trabalhava de moto boy com a moto da empresa, era ele que pagava as contas no banco, buscava o dinheiro do salário de todos os empregados e fazia alguns outros serviços. Quando foi mandado embora recebeu uma grana boa, mas ao longo de um ano e meio sem trabalho essa grana acabou. Durante o tempo que estava desempregado Zé preto fez alguns bicos, servente de pedreiro, ajudante de pintor, até pegando papelão na rua ele já trabalhou, mas o que ele queria mesmo era poder comprar uma moto e voltar a trabalhar de moto boy, mas isso esta muito difícil, pegar dinheiro emprestado com banco não é aconselhável, Zé acha que pegar dinheiro emprestado com banco é o mesmo que vender a alma para o capeta, os caras tiram até seu último centavo para o pagamento de juros, não importa se seus filho vão passar fome, o importante é pagar os juros.Alguns caras da vila ofereceram um trampo no tráfico, coisa rápida só levar uns papelotes de cocaína para Campinas, mas Zé não gosta do tráfico, seu irmão foi preso e morto por policiais quando abastecia de maconha e cocaína alguns play boys da zona-sul, tráfico não é o lance para o Zé, mas ele precisa fazer alguma coisa. Conversando com Mauricio, Zé elabora um plano para conseguir o dinheiro de sua moto. Mauricio é bandido antigo, nunca foi preso e é respeitado no bairro, o cara não rouba ninguém da quebrada, pra ele é a maior safadeza roubar trabalhador, faz suas fitas em bancos e nos bairros nobres de São Paulo. Zé nunca roubou ninguém, porém a situação ta cada vez mais difícil e o plano parece ser perfeito. O plano era o seguinte, Zé sabia os dias que são feitos os pagamentos no seu antigo emprego, o patrão dava a maior sopa, fazia o pagamento de todos os funcionários na empresa, Zé montou um esquema com Mauricio, no dia do pagamento eles iriam abordar o novo moto boy que chegava do banco com toda a grana, a ação teria que ser rápida, de preferência sem nenhuma morte. Então na sexta feira, quinto dia útil na hora certa eles esperaram o moto boy em um bar perto da empresa, e no momento em que a grana chegou Mauricio fez a abordagem, Zé ficou na moto porque não podia dar muita bandeira, Mauricio desenvolveu uma ação rápida, encostou o canhão no pescoço do moto boy e pediu o envelope com a grana, o funcionário não ofereceu resistência, não ia por sua vida à prova por conta da grana do patrão, Mauricio voltou pra moto, mas nesse exato momento, dois policiais que estavam à paisana do outro lado da rua perceberam o movimento e já foram logo dando voz de prisão, Mauricio bandido antigo logo disparou dois tiros pra cima dos policiais, Zé se apavorou e não conseguiu ligar a moto e eles tiveram que sair correndo a pé, os policiais reagiram e pediram reforços, em poucos minutos o quarteirão estava cercado, Zé estava apavorado, bateu o arrependimento, mas não havia mais tempo pra isso, Maurício acertou um policial, agora a situação tava mais complicada, os policiais ficaram putos, Zé disparou sem nem olhar pra onde estava atirando, um policial acertou um tiro certeiro na cabeça de Mauricio, Zé se entregou, ele estava desesperado, os policiais não quiseram conversa, levaram Zé pra dentro do camburão e lá mesmo dispararam dois tiros a queima roupa.Zé Preto tinha um nome, José de Sousa Arias, porém pouco importa, na fábrica todos o chamavam de Zé Preto e assim ele ficou conhecido, e agora ele virou mais um número nas estatísticas do sistema. Mauricio cumpriu seu destino, sempre foi ladrão, uma hora isso acabaria assim, ele sabia disso, mas as escolhas não eram muitas. Porém fica a pergunta, será que os motivos que levaram Zé a fazer esse assalto não são os mesmos que matam todos os dias vários iguais a ele? Então é melhor eu ficar atento, hoje o sistema me chama de colaborador, trabalho feito um escravo enquanto um empresário fica com os lucros sem fazer nada, bela colaboração a minha, colaboro com o enriquecimento alheio, mas amanhã eu posso ser despedido, e de colaborador e posso me transformar em inimigo do sistema, essa é a realidade da maioria dos moradores da periferia, enquanto somos “colaboradores” e submissos esta tudo certo, mas quando não agüentamos mais a situação de opressão e extrema miséria que estamos inseridos e nos revoltamos e mandamos tudo pro ar aí viramos inimigos. Mas iaí o sistema que nos considera inimigos não é o próprio gerador desses “inimigos”? Sei lá vou pensar sobre isso.