quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Coreto

Na tarde desta terça-feira, 1, os moradores de Perus foram surpreendidos pela demolição do coreto da Praça Inácio Dias que, há décadas faz parte da vida dos moradores do bairro, além de ser, hoje, um dos espaços onde a Comunidade Cultural Quilombaque realiza suas atividades.
O grande intuito da Comunidade Cultural Quilombaque, desde que se instalou na Travessa Cambaratiba é, além de revitalizar o local e a praça, levar novas alternativas culturais para o bairro, agregando todo tipo de público, principalmente aqueles que são vistos como um empecilho na sociedade – os usuários de drogas – que na verdade, são um problema de saúde pública e não de abandono.
Segundo Rodrigo da Silva, encarregado de obras da Prefeitura da cidade de São Paulo, a reforma da praça faz parte do Projeto FLORIR, da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. “O coreto foi derrubado para ser construído um coreto de verdade, sem mesa, e os arbustos foram retirados para diminuir o número de usuários de drogas e pessoas fazendo sexo, no local. Com a reforma, a praça ficará mais iluminada e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) vai “ficar em cima” e não vai ter usuários de drogas”, afirmou o encarregado.
A prefeitura finge enfrentar o problema dos usuários de drogas com medidas ineficazes, como a que se nota na região da Cracolândia, na Luz, onde há promessas de revitalização física, mas não social, assim como a que ocorreu hoje, no bairro de Perus. Pois, destruindo o coreto, o tráfico e uso de drogas não serão abolidos, apenas escondidos por debaixo do tapete.
A praça se tornou um dos espaços da Quilombaque para realizar diversas intervenções. Onde ocorre, por exemplo, a oficina de Circo, da Cia Trupe Liuds, que reúne, às quartas-feiras, vasto público, no qual pais e filhos se juntam em um momento de lazer e aprendizado. Além do CineQuilombo, que ocorre sempre na última sexta-feira de cada mês, com produções independentes e o projeto Radiação Urbana, que faz da praça um grande espaço musical, uma vez por mês.
Não adianta resolver o problema de maneira superficial, limpando a praça e fingindo que os usuários de drogas e moradores de rua não mais existirão. Deve existir um projeto que não exclua, mas agregue essas pessoas, para que de fato o problema possa ser solucionado.
A Comunidade Cultural Quilombaque não deixará de investir seus esforços em levar novas alternativas sócio-culturais para o bairro, pois acreditamos que as mudanças são construídas quando se leva a população em um todo, independendo de sua classe social ou econômica.
“ Quebrando correntes e plantando sementes”




Por Clébio Ferreira e Jéssica Moreira

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