As notícias que nos chegam em São Paulo, sobre o Rio de Janeiro é que aquele povo esta vivendo uma guerra, na qual o Estado faz uma tentativa heróica de uma intervenção pacificadora, porém que paz é essa, custeada por tantas armas e sangue? Não estamos entendendo, de uma hora para outra, umas das polícias mais corruptas e violentas do país esta fazendo uma ação visando a paz? Paz pra quem? Paz para quê? Será que tem alguma coisa a ver com as olimpíadas ou com a copa do mundo? Muitas perguntas, e com certeza a mídia brasileira não tem intenções de cobrir os fatos de forma imparcial contribuindo para reflexões estruturadas sobre a situação. Então resolvemos tirar nossas conclusões vendo a situação de perto, e no dia 17 de dezembro partiu das periferias paulistanas um bonde com poetas do Sarau da Ademar, Sarau Suburbano Convicto, Sarau Vila Fundão, Sarau Palmarino, Sarau do Binho, Poetas do Tietê, Sarau Elo da Corrente e Sarau Poesia na Brasa , para realizarmos quatro saraus em quatro comunidades, em dois dias.
Nosso primeiro sarau no Rio estava marcado para acontecer no Complexo do Alemão, porém ao chegar na entrada do complexo percebemos uma falha dentro do nosso grupo, pois entre os nossos, nem todos sabiam quem estava organizando nossa intervenção, alguns achavam que participaríamos de um evento organizado pelas UPPs, o que com certeza inviabilizaria qualquer participação da nossa parte, porém depois de um conversa rápida e necessária ficamos sabendo que iriamos participar de um evento organizado pela própria comunidade, evento que já acontece a seis anos e que nesse ano chegou a sua sétima edição, daí então depois desse desenrolar podemos entrar no complexo com certeza de onde estávamos entrando e qual seria a nossa função naquele espaço. Assim que entramos podemos perceber a energias que conviviam no mesmo espaço, de um lado a comunidade reunida em torno de um evento que já estava a mil por hora, que mesmo embaixo de um sol quente não parecia desanimar, muito próximo dali, podíamos ver caminhões e tanques de guerra do exército brasileiro, exibindo seu forte armamento enquanto circulava pela comunidade, e em meio a todo esse contraste começarmos nosso primeiro sarau no Rio de Janeiro. Os Tambores da Brasa tocaram alto, chamando todos os poetas, anunciando que ali começava um trabalho, e as poesias, como pipas, foram tomando os céus do Complexo do Alemão e a cada instante chegavam mais pessoas para comungar da arte palavreada que proporcionaram momento de paz e reflexão. Momento de maior atenção nesse sarau, pelo menos na nossa opinião, foi quando Douglas, do Sarau Elo da Corrente, leu o texto “Da paz” de Marcelino Freire, a comunidade presente demonstra em seus olhares atentos que se identificava com cada palavra dita pelo nosso amigo, momento de grande emoção . Durante nosso sarau também podemos comungar da apresentação do projeto “Cultura na Cesta”, projeto que mescla basquete e edução, e que somaram na nossa intervenção, trampo louco.
Depois do Complexo do Alemão nosso bonde seguiu para o morro de Santa Teresa (Fallet), por lá o contraste social também foi muito marcante. Na parte da frente do morro várias casas bem arrumadas, bem acabadas, nos lembrava a Vila Madalena aqui em São Paulo, mas só foi andar um pouco mais e virar uma curva a esquerda e os reboques das paredes começaram a acabar, as ruas foram ficando mais estreitas e nesse momento começamos a perceber que as pessoas que impõe suas leis naquele espaço já estavam sabendo da nossa chegada, pois assim que começamos a descida para onde iriamos fazer o sarau, dois homens ficaram nos olhando fazendo questão que percebemos que estavam armados, mas seguimos em frente. Passamos com nossos tambores nos estreitos becos do Fallet, e depois de subir e descer vários degraus, nos encontramos com Mauro, um dos representantes da Associação de Moradores do Fallet. Assim que nos encontramos ele nos disse que a frente havia algumas pessoas fazendo uma “movimento” de venda de “soma” mas que ficássemos tranquilos pois eles já estavam avisados da nossa entrada, então seguimos tranquilos, porém quando estávamos passando ao lado do bem protegido comércio, uma garota do Rio de Janeiro que nos acompanhava, tentou conseguir, na sua opinião, a melhor foto da sua vida e apontou sua máquina fotográfica na direção do comerciantes informais, o que foi prontamente correspondido com algumas outras coisas apontadas na nossa direção, e acreditem não eram máquinas fotográficas. Porém o amigo que nos acompanhava, Mauro, se responsabilizou por tentar minimizar o erro da nossa inocente, ou oportunista companheira, garantindo que iria apagar a foto que ela havia feito dos comerciantes daquela região. Passado o breve, no entanto intenso, momento de nervosismo, seguimos para o local do sarau, onde um expressivo grupo de crianças nos aguardavam, e ali nossas almas foram lavadas, assim como aconteceu no Complexo do Alemão, a cada poema solto do ar, a comunidade se aproximava curiosa e atenta o que nos fortalecia cada vez mais para o próximo sarau. Por ali podemos semear nossos livros entre os presentes e também contribuir com o acervo de uma biblioteca comunitária que esta sendo construída dentro da comunidade. No final do sarau abrimos uma ciranda, para de mãos dadas festejarmos aquele encontro tão enriquecedor. Enquanto lágrimas de felicidade nos fugiam dos olhos, nos preparávamos para seguir viagem, porém fomos convidados para coroar nosso encontro com um delicioso bolo e refrigerantes ofertados pela comunidade para comunidade, ficamos honrados por compartilhar desse momento.
Chegando ao final do primeiro dia o nosso bonde desembarcou no Morro Agudo na casa do “Enraizados”. Por lá durante o dia todo já tinha acontecido um evento para encerrar o ano, mas quando chegamos por volta da 22h00 alguma pessoas ainda esperavam pelo sarau e mesmo casados , sem dormir, sem comer, sem tomar banho iniciamos mais uma comunhão da palavra. Dessa vez além dos poetas de sampa também estava presente uma galerinha que manda muito bem nos versos e fortaleceu até uma horas com o sarau, na sequencia da nossa roda, rolou até uma rinha de Mcs bem humorada. Para fechar nossa noite nada melhor do que samba, churrasco e alguma cervejinhas para molhar a palavra. O espaço do “Enraizados” é bem louco por lá rolam várias oficinas e pelo que podemos notar a comunidade chega junto. Por lá mesmo nos encostamos para descansar o esqueleto, depois de um merecido banho improvisado pelos nossos amigos cariocas. Agradecemos pela recepção e esperamos poder fazer o mesmo quando estiverem em sampa.
No domingo assim que acordamos tivemos uma outra breve e indispensável, discussão, pois havia um desencontro de informação de qual seria o horário do nosso próximo sarau, porém o espírito coletivo prevaleceu e seguimos para o nosso últimos sarau dessa caravana, que iria acontecer no Morro do Borél, Chácara do Céu. Depois de uma subida que aparecia que não iria acabar nunca mais, chegamos na casa do amigo Gabeira e de lá podemos perceber porque aquele lugar se chamava Chácara do Céu, lugarzinho alto. Para reabastecer as energias nos foi servido uma deliciosa galinhada, os amigos vegetarianos que nos desculpem mas tava muito bom, na sequência rolou aquela troca de idéia para fortalecer o encontro que em poucos minutos iria acontecer e quando começamos descer para o local do sarau, encontramos espalhados pela comunidade cartazes que diziam “Rajada Poética, Os Poeta Estão Chegando”, recepção calorosa sinal de responsabilidade em dobro. O sarau aconteceu na Associação dos Moradores da Chácara do Céu, que fica bem em frente a uma unidade da UPP, que assim como os comerciantes do Fallet, também estavam fortemente armados o que gera um certo desconforto, porém não foi capaz de diminuir o axé do nosso encontro que mais uma vez contou com a participação de uma comunidade atenta e entusiasmada que ao final do encontro também celebrou de mãos dadas em um grande ciranda para juntos comungar aqueles breves momentos de União Paz e Poesia.
Nós do Coletivo Cultural Poesia na Brasa, agradecemos a todo mundo que tornou possível essa ação, agradecemos principalmente aos coletivos e pessoas que abraçaram a proposta e que deram o máximo para fazer o melhor trabalho possível naquelas comunidades. Agradecemos aos sorrisos e lágrimas verdadeiras compartilhadas e mais uma vez mostramos que queremos muito mais do que recitar poemas, e sim queremos intervir de forma positiva nessa periferia chamada Afro-Brasil-Latino. Axé.
Nosso primeiro sarau no Rio estava marcado para acontecer no Complexo do Alemão, porém ao chegar na entrada do complexo percebemos uma falha dentro do nosso grupo, pois entre os nossos, nem todos sabiam quem estava organizando nossa intervenção, alguns achavam que participaríamos de um evento organizado pelas UPPs, o que com certeza inviabilizaria qualquer participação da nossa parte, porém depois de um conversa rápida e necessária ficamos sabendo que iriamos participar de um evento organizado pela própria comunidade, evento que já acontece a seis anos e que nesse ano chegou a sua sétima edição, daí então depois desse desenrolar podemos entrar no complexo com certeza de onde estávamos entrando e qual seria a nossa função naquele espaço. Assim que entramos podemos perceber a energias que conviviam no mesmo espaço, de um lado a comunidade reunida em torno de um evento que já estava a mil por hora, que mesmo embaixo de um sol quente não parecia desanimar, muito próximo dali, podíamos ver caminhões e tanques de guerra do exército brasileiro, exibindo seu forte armamento enquanto circulava pela comunidade, e em meio a todo esse contraste começarmos nosso primeiro sarau no Rio de Janeiro. Os Tambores da Brasa tocaram alto, chamando todos os poetas, anunciando que ali começava um trabalho, e as poesias, como pipas, foram tomando os céus do Complexo do Alemão e a cada instante chegavam mais pessoas para comungar da arte palavreada que proporcionaram momento de paz e reflexão. Momento de maior atenção nesse sarau, pelo menos na nossa opinião, foi quando Douglas, do Sarau Elo da Corrente, leu o texto “Da paz” de Marcelino Freire, a comunidade presente demonstra em seus olhares atentos que se identificava com cada palavra dita pelo nosso amigo, momento de grande emoção . Durante nosso sarau também podemos comungar da apresentação do projeto “Cultura na Cesta”, projeto que mescla basquete e edução, e que somaram na nossa intervenção, trampo louco.
Depois do Complexo do Alemão nosso bonde seguiu para o morro de Santa Teresa (Fallet), por lá o contraste social também foi muito marcante. Na parte da frente do morro várias casas bem arrumadas, bem acabadas, nos lembrava a Vila Madalena aqui em São Paulo, mas só foi andar um pouco mais e virar uma curva a esquerda e os reboques das paredes começaram a acabar, as ruas foram ficando mais estreitas e nesse momento começamos a perceber que as pessoas que impõe suas leis naquele espaço já estavam sabendo da nossa chegada, pois assim que começamos a descida para onde iriamos fazer o sarau, dois homens ficaram nos olhando fazendo questão que percebemos que estavam armados, mas seguimos em frente. Passamos com nossos tambores nos estreitos becos do Fallet, e depois de subir e descer vários degraus, nos encontramos com Mauro, um dos representantes da Associação de Moradores do Fallet. Assim que nos encontramos ele nos disse que a frente havia algumas pessoas fazendo uma “movimento” de venda de “soma” mas que ficássemos tranquilos pois eles já estavam avisados da nossa entrada, então seguimos tranquilos, porém quando estávamos passando ao lado do bem protegido comércio, uma garota do Rio de Janeiro que nos acompanhava, tentou conseguir, na sua opinião, a melhor foto da sua vida e apontou sua máquina fotográfica na direção do comerciantes informais, o que foi prontamente correspondido com algumas outras coisas apontadas na nossa direção, e acreditem não eram máquinas fotográficas. Porém o amigo que nos acompanhava, Mauro, se responsabilizou por tentar minimizar o erro da nossa inocente, ou oportunista companheira, garantindo que iria apagar a foto que ela havia feito dos comerciantes daquela região. Passado o breve, no entanto intenso, momento de nervosismo, seguimos para o local do sarau, onde um expressivo grupo de crianças nos aguardavam, e ali nossas almas foram lavadas, assim como aconteceu no Complexo do Alemão, a cada poema solto do ar, a comunidade se aproximava curiosa e atenta o que nos fortalecia cada vez mais para o próximo sarau. Por ali podemos semear nossos livros entre os presentes e também contribuir com o acervo de uma biblioteca comunitária que esta sendo construída dentro da comunidade. No final do sarau abrimos uma ciranda, para de mãos dadas festejarmos aquele encontro tão enriquecedor. Enquanto lágrimas de felicidade nos fugiam dos olhos, nos preparávamos para seguir viagem, porém fomos convidados para coroar nosso encontro com um delicioso bolo e refrigerantes ofertados pela comunidade para comunidade, ficamos honrados por compartilhar desse momento.
Chegando ao final do primeiro dia o nosso bonde desembarcou no Morro Agudo na casa do “Enraizados”. Por lá durante o dia todo já tinha acontecido um evento para encerrar o ano, mas quando chegamos por volta da 22h00 alguma pessoas ainda esperavam pelo sarau e mesmo casados , sem dormir, sem comer, sem tomar banho iniciamos mais uma comunhão da palavra. Dessa vez além dos poetas de sampa também estava presente uma galerinha que manda muito bem nos versos e fortaleceu até uma horas com o sarau, na sequencia da nossa roda, rolou até uma rinha de Mcs bem humorada. Para fechar nossa noite nada melhor do que samba, churrasco e alguma cervejinhas para molhar a palavra. O espaço do “Enraizados” é bem louco por lá rolam várias oficinas e pelo que podemos notar a comunidade chega junto. Por lá mesmo nos encostamos para descansar o esqueleto, depois de um merecido banho improvisado pelos nossos amigos cariocas. Agradecemos pela recepção e esperamos poder fazer o mesmo quando estiverem em sampa.
No domingo assim que acordamos tivemos uma outra breve e indispensável, discussão, pois havia um desencontro de informação de qual seria o horário do nosso próximo sarau, porém o espírito coletivo prevaleceu e seguimos para o nosso últimos sarau dessa caravana, que iria acontecer no Morro do Borél, Chácara do Céu. Depois de uma subida que aparecia que não iria acabar nunca mais, chegamos na casa do amigo Gabeira e de lá podemos perceber porque aquele lugar se chamava Chácara do Céu, lugarzinho alto. Para reabastecer as energias nos foi servido uma deliciosa galinhada, os amigos vegetarianos que nos desculpem mas tava muito bom, na sequência rolou aquela troca de idéia para fortalecer o encontro que em poucos minutos iria acontecer e quando começamos descer para o local do sarau, encontramos espalhados pela comunidade cartazes que diziam “Rajada Poética, Os Poeta Estão Chegando”, recepção calorosa sinal de responsabilidade em dobro. O sarau aconteceu na Associação dos Moradores da Chácara do Céu, que fica bem em frente a uma unidade da UPP, que assim como os comerciantes do Fallet, também estavam fortemente armados o que gera um certo desconforto, porém não foi capaz de diminuir o axé do nosso encontro que mais uma vez contou com a participação de uma comunidade atenta e entusiasmada que ao final do encontro também celebrou de mãos dadas em um grande ciranda para juntos comungar aqueles breves momentos de União Paz e Poesia.
Nós do Coletivo Cultural Poesia na Brasa, agradecemos a todo mundo que tornou possível essa ação, agradecemos principalmente aos coletivos e pessoas que abraçaram a proposta e que deram o máximo para fazer o melhor trabalho possível naquelas comunidades. Agradecemos aos sorrisos e lágrimas verdadeiras compartilhadas e mais uma vez mostramos que queremos muito mais do que recitar poemas, e sim queremos intervir de forma positiva nessa periferia chamada Afro-Brasil-Latino. Axé.
5 comentários:
Foi muito loco !
Só tive um medo: que pedissem pra eu apagar minhas imagens...
Através delas faço o resumo das minhas emoções e espero que quem as veja também fiquem emocionados...
A carinha daquelas crianças da Fallet, cantando, batendo palmas, se emocionando junto com a gente, precisavam ganhar o mundo e sair dali...
Brigaduuuu companheiros de jornada !
Até a próxima.
23 de dezembro de 2010 18:57
Tamojunto Poetas! muito loko!
no blog dos tietês tem uns videos do RJ
http://poetasdotiete.blogspot.com
Abraço e poesia na cabeça!
Eita coisa boa!!! Lindo encontro, um passo elevado pela busca de um mundo mais unitario!!!! Valeu Saraus...somos um na luta pelo poder de sermos o verdadeiro povo, livres de preconceitos...amo vcs..Fernando
Pra foi uma puta isperiencia conhecer o lado extremo do Rio
de Copa Cabana, Rio de Ipanema ,Corcovado ,Cristo Redentor.
Conheci o Rio Favela Morro onde pessoas cidadãos de bem que vivem em meio a uma guerra, uma guerra civil onde os conceitos de paz só favorencem a elite com seus autos lucros com o turismo vamos ver depois que a copa e a acabar .... ae vai o meu salve pra toda a comunidade do Rio de Janeiro e atodos os poetas qui foram nessa viagem de muita poesia e arte.
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