terça-feira, 5 de junho de 2012

Couro, Pau e Poesia – Por Walner Danziger.

Nessa postagem segue algumas fotos de Sônia Bischain, tiradas no Sarau Poesia na Brasa do último dia 02/06 e também um texto escrito pelo parceiro Walner Danziger sobre o nosso Sarau, publicado no blog: http://nafuncao.wordpress.com/ 

 Couro, Pau e Poesia – Por Walner Danziger. 
 Na Brasa. Na Brasilândia. Quizomba é lá, só chegá. 

Na Brasa aquece a pele dos atabaques e se a elite treme, e treme mesmo é porque eles são articulados, atuantes e não estão aí pra brincadeira. Eles e elas. Coletivo Poesia na Brasa, quatro primaveras na função. Armados até os dentes de palavras, batuques e atitude.

Qué chegá na encruzilhada pra conferir? Vila Brasilândia, Bar do Carlita, sábado sim, sábado não, a consagração da palavra.

Sarau Poesia na Brasa. Bora chegá, então? 

Tambores buscando quem mora longe. Oralidade do verso, do manifesto, revitaliza ancestralidade. Tambores evocam proteção e fortalecimento. Na Brasa. Na periferia. Para a periferia. Pra todas as quebradas onde o campo estiver aberto e limpo pra comungar idéias e transformação. 

Meus irmãos tem peito e ginga. Vagnão, Diego, Sonia, Chellmí, Sidnei e Samanta. Caldeirão de idéias, de movimento. Microfone aberto ou no gogó, a elite treme. O chão treme. Meus irmãos carregam consigo a escora do conhecimento, da sensibilidade. Educação, ciências sociais e arte, tudo junto e misturado, tudo servido com tempero forte e quente.

Saído da Brasa pro asfalto, pro barro persistente das favelas, lá vão eles, porque tem fé, força. Lá vão eles de volta pra selva, pras ruas, esquinas, escolas, abrigos, fundações, UBSs e centros de cultura.

Couro, pau e poesia. Couro, pau e poesia, neles. Na gente. Vem que tem palavra boa de ouvir. Vem. Vem que tem dança, vídeo e muita idéia pra trocar. Tem festa. Tem África e nordeste. Comida e cachaça. Vem que tem calor de sobra pros embalos suburbanos de sábado à noite. 

Só chegá. Miudim, sapatim… Salve! Porque agora os favelados escrevem livros e contam direito suas histórias. E são muitas as nossas histórias. E são escuras nossas musas. De aço nossos heróis e duro de engolir nosso tranco, malandragem. 

Lá vão eles. Abrindo frente. E tome antologias poéticas ecoando a voz dos morros. Beba escritores e poetas curtindo verbo e veneno nesse calor. 

Lá vão eles: Samanta, Sidnei, Chellmí, Sonia, Diego e Vagnão. Coletivo Poesia na Brasa. Alcatéia urbana e um pé na porta com sabedoria. Contundência e doçura. 

Vem tambor, me busca e me leva pra lá. Depois me trás, que moro longe mas hei sempre de voltar. 

Couro e pau. Vem, tambor, inflamar a Brasa no peito. Vem que sábado tô lá. Pra entrá naquela roda. Pra versá no seu sarau. Axé.



















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