Salve Povo.
No próximo dia 21 de setembro,
receberemos em nosso terreiro, o parceiro Allan da Rosa, para o lançamento de
seu livro;
“PEDAGOGINGA, AUTONOMIA E
MOCAMBAGEM”.
Nesse encontro vai rolar uma prosa
sobre o trampo, e os vários caminhos que possam passar por essa encruzilhada.
Segue por aqui um punhado do texto,
para agunçar o paladar da imaginação antes da roda.
Tod@s são bem vind@s.
SARAU POESIA NA BRASA – BAR DO CARLITA
Às 20h30
RUA PROFESSOR VIVEIROS RAPOSO, 534
VILA BRASILÂNDIA
DO RITMO
O ritmo é esqueleto etéreo e constitui um território criado. Permeia e
organiza os períodos dos cultos e ritos, vige na elaboração de qualquer ação
que conjugue os tempos do corpo, do espaço e do entorno social (o envoltório
físico/material e simbólico da cidade) e da abrangência da natureza em seus
ciclos. Faz-se presente no encontro, na realização de acontecimentos e adventos
que costuram possibilidades (poderes) no transitório do tempo do calendário. Ritmo
é rito (que, por sua vez, é expressão corporal e emocional do mito),
comunitário, engendrador ou realimentador da força. E o corpo, imprescindível
ao rito, é o próprio território do ritmo, propiciando ao sujeito a percepção do
mundo em seus detalhes, numa integração a partir de si mesmo, de um campo que
lhe é próprio e que se resume, em última instância, a seu corpo (Op. cit.:
135). O ritmo, que também é alicerce soberano na expressão musical de matriz
africana, é a forma até do que não tem consistência orgânica, é o elo entre o
estático e o dinâmico. Confere vínculo aos movimentos, guarda e expande o fluxo
de eventos, coisas e afeições. Não lhe falta horizonte, compondo pontos de
junção e amarrando elementos, dedicando dinâmica e orientação aos espíritos das
coisas e dos homens.30 Ritmo, como pai, irmão e filho do rito, angaria a participação
de um grupo no mais total dos atos, que é o ato de viver. Garantidor de rito,
cumprimento do mito, elaborando e abrindo passagens ao sentir mitológico.
DA SEDUÇÃO
As sociedades que cultuam Arkhé possuem apreço pelas regras vitais,
fundamentadas a cada ritual, mantendo firmes e brilhantes os laços
comunitários. Onde há preceito, há ensinamento, onde há forte regramento, o
poder simbólico ganha contornos grandiosos. A cultura afro-brasileira em seus
elementos dinâmicos civilizatórios, para vivenciar a regra, desafia o contato,
o encontro. E aí está outro de seus princípios que se elabora junto com o jogo,
a dança e a luta, abarcando timbres e enigmas, códigos e segredos na presença
que chama a sedução, que, na linguagem verbal, mostra-se mais interessada em
fascinar (podendo também prestar-se a informar e a ensinar) pela já citada
circunlocução do que pela definição que busca a exatidão. Sedução aqui não visa
trazer à tona um arraigado leque de estereótipos que ainda hoje são toneladas a
serem demolidas, que se atêm a reduzir o corpo e o ser negro a uma demonização
centrada no pecado que estaria sempre em ponto de bala; num perigo que
caracterizaria os “bamboleios primitivos” de pessoas que deixam de ser pessoas para
serem somente objetos fálicos ou genitálias, nádegas ou decotes. Sedução aqui
não se agarra a uma noção vulgar, muito menos a baseada na pornografia e na
leviandade, ou no medo ou no estupro (onde não há sedução, e, sim, violência);
não se ancora no superficial que se estrutura no tremor e em uma das faces da
libido reprimida. Tampouco nega a beleza, o vigor e a responsabilidade que
podem permear pessoas conscientes do quanto podem lhes proporcionar seus
corpos, desde os círculos da rima à consumação do ritmo sexual, dos toques de
cuíca à tecelagem ornada em uma cabeça. Sedução aqui se marca pela apresentação
de situações, pela dança dos significados possíveis, pela abertura de possibilidades
que preenchem indefinidamente qualquer jogo de corpo e todo jogo de
inteligências desabotoadas. Como na capoeira angola, quando o jogador visa
seduzir seu parceiro-adversário para lhe dar uma rasteira ou lhe encaixar um
golpe (que, segundo as regras do jogo, podemreceber aplausos do mesmo,
reconhecendo a destreza e a inteligência da movimentação “enxadrista”, aberta à
malandragem positiva e à astúcia casada à beleza). Como no jogo das oferendas e
ebós orientados por ialorixás a fim de restituir forças e encaminhar a
consumação de energias, desejos e perspectivas; como no jogo do ifá, que na
configuração dos búzios suscita enigmas, que abre mistérios mas não assassina o
segredo, contatando as energias e consciências que circulam nas esferas
numinosas; como no jogo dos caxambus, cocos e cirandas, quando um presente no
meio da roda chama à umbigada e ao volejo, na intenção de seduzir e sorrir;
como no jogo que se dá entre os integrantes de uma parelha tamborzeira que toca
seus instrumentos e abre bases e solos, comunicações sublimes de momento, em
toques e timbres de marcações sagradas e suadas; como no jogo entre um
cozinheiro e as consistências de seus alimentos e as condições materiais de sua
cozinha, mirando o prazer do faro e da boca; como no jogo dos partideiros,
aboiadores, jongueiros, mestres de catimbós e congados, quando versos pedem
desates e decifres, jogando respeitosa e deliciosamente com os riscos e
obrigações do destino... Em todas estas faces que saltam ou sussurram na
cultura de matriz afro-brasileira, o jogo e sua sedução atiçam e instigam o
tempo, na encruzilhada que este perfaz das urgências do agora junto às
tradições mais antigas, no encontro com tempos remotos ou míticos que se
desabrocham quando são “repetidos” mas reorganizados e reinventados os toques,
frases, gestos, cozimentos e costuras que intentam dar guarida ao presente,
mantendo a sensação fértil, para que se colha cada vez melhores perguntas e
esperança.
DA CASA
A comodidade da casa própria (quem já morou de favor sabe das
penúrias...) e o acolhimento são realçados ao se recordar a característica
básica do ser afro-brasileiro como um ser territorializante, abrindo vagas,
procurando aconchego e reconhecimento em espaços até então interditos, dinamizando-os.
Adaptando elementos, recriando vínculos nos terreiros e cazuás, roças de
candomblé e Ilês que detêm forças de aglutinação, vivência comunitária e
solidariedade, enraíza-se na divindade dos princípios cósmicos e na
ancestralidade conjugando princípios éticos. Território é base para o movimento
da força integrada, é alicerce do Muntu que carece de suporte para que se reúna
e se espalhe. Este suporte pode ser um objeto, símbolo que reúne as condições
funcionais e míticas em si, como pode ser o próprio corpo do pensador, orador,
escriba, músico ou dançarino, feito território. O território, assim como o lar,
nos agracia com o arquétipo materno e com suas imagens. Assim também é o templo
com sua força assentada e distribuída pelos pejis, pelas cumeeiras. Templo que
marca a vontade de harmonia com as forças cósmicas, entidades e divindades. E
templo também é o corpo nosso, que sua. A tranquilidade que vem da morada, das
profundidades e do ninho, que ameniza as quedas e os embates trágicos, as
pelejas onde o triunfo é a meta (tão próprias à estrutura das imagens másculas,
heroicas) também é valorizada pelo conforto e pelo envolvimento dos tecidos.
2 comentários:
“IX CONCURSO PLÍNIO MOTTA DE POESIAS”
A Academia Machadense de Letras (Machado-MG / Brasil) comunica a realização em novembro de 2013 de seu “IX Concurso Plínio Motta de Poesias”. As inscrições encerram-se no dia 14 de outubro (2013).
Para receber gratuitamente o regulamento em arquivo PDF, e outras informações, entre em contato através do e-mail: machadocultural@gmail.com
Obs: O tema é livre e aberto a todos de Língua Portuguesa e Espanhola. A taxa de inscrição é de R$5,00 pode ser enviada dentro do envelope. Favor verificar o recebimento do regulamento em pdf e jpeg.
O concurso será realizado no dia 09 de novembro, às 20:00hs no Anfiteatro da Prefeitura Municipal de Machado-MG.
Caso sua poesia (que não precisa ser inédita) seja classificada e você não puder aparecer, a Academia indicará um membro para declamá-la.
olá. Salve, salveo povo.
CONVITE
Passei por aqui lendo, e, em visita ao seu blog.
Eu também tenho um, só que muito simples.
Estou lhe convidando a visitar-me, e, se possível seguirmos juntos por eles, e, com eles. Sempre gostei de escrever, expor as minhas idéias e compartilhar com as pessoas, independente da classe Social, do Credo Religioso, da Opção Sexual, ou, da Etnia.
Para mim, o que vai interessar é o nosso intercâmbio de idéias, e, de pensamentos.
Estou lá, no meu Espaço Simplório, esperando por você.
E, eu, já estou Seguindo o seu blog.
Força, Paz, Amizade e Alegria
Para você, um abraço do Brasil.
www.josemariacosta.com
Postar um comentário