quarta-feira, 4 de março de 2009


Saudações quebrada peço licença para esclarecer, ou complicar ainda mais, algumas dúvidas que aparecem no dia a dia do movimento. Sarau Poesia na Brasa, MOVIMENTO CULTURAL DE PERIFERIA PARA PERIFERIA, é isso que somos, um movimento, e se existimos, como qualquer outro movimento, existimos para exigir que ações concretas em favor de espaços e ações relacionadas à arte e cultura aconteçam nas quebradas. Mas o Sarau Poesia na Brasa, assim como outros movimentos, se cansou de ficar somente reclamando e exigindo dos governos para que tomassem atitude, e fomos além, nós mesmos estamos fazendo por nós mesmos. Somos um movimento iniciando nossa caminhada, então os erros e as dúvidas serão constantes, temos o tempo todo que parar e rever nossas ações. Os dias de sarau são dias de festa, de confraternização da periferia, mas não somente isso, a cada dia de sarau a periferia da um tapa da cara na mesmice, da uma surra naqueles que sempre desacreditaram da nossa força. A periferia sempre foi vista pelas elites como lugar de esconderijo de bandido, traficante etc... eles até representam isso nas suas novelas, e pelos governos sempre fomos vistos como problema, só somos vistos como solução em época de eleição. O único braço do Estado que funciona dentro das periferias é a força de repressão através da polícia, então já esta mais do que claro que ou a periferia se une e se organiza em favor de sua própria melhoria, ou então estamos fadados a morrermos de forma violenta como sempre morremos, seja no tráfico, seja nas filas de hospitais, seja nas enchentes etc... O movimento propõe através do sarau o exercício da expressão, mas também o exercício que tanto temos dificuldade, que é o de ouvir o que o outro do nosso lado tem a nos falar, e dessa forma fazermos uma real reflexão da nossa situação, para assim podermos pensar de forma coletiva meios de melhoria da quebrada. Sabemos que arte e cultura nunca encheram nossas barrigas, nunca pagou nossas contas, sabemos que não é só arte que irá alterar nossas relações sociais, mas propomos a reflexão de nossa situação social através da arte. Força para todos aquele que ainda acreditam que uma mudança é possível e trabalham para isso, e todos aqueles que acreditam, ‘que eu me organizando eu posso desorganizar”.

Axé!

Um comentário:

Mariana disse...

Poesia na Brasa

Vejo poesia na Brasa:
incendeia, resiste, não se deixa apagar.
Pois Brasa é a luta do fogo que ainda vive, é luz, é calor, é cor.
E são muitas as cores da Brasa, são muitos os credos, as idades.
Somam-se e pulsam, multiplicam-se entre versos.
Vejo poesia na Brasa:
amor, guerra, tristeza, dor, alegria, toda a sorte de manifestações.
Literatura do improvável, do impensável, da exclusão que tira o dinheiro mas não o coração. São humanos. Somos.
Ouço poesia da Brasa:
Meu ouvido se contenta, e meu coração diz: sim, vamos por aí.
Sigamos latejantes, inundemos outros corpos e mentes com suor, carne e idéias.
Façamos isso, Brasa, pra que nunca viremos cinzas.