segunda-feira, 6 de outubro de 2008

SONIA TRAZENDO VELHAS NOVAS PALAVRAS AO SARAU

O POSSÍVEL

No vazio dos dias,

palavras são como sombras em movimento,

e ardem em meu peito.

Como as palavras, tudo arde em mim:

o medo, a dor, o amor.

Em mim, as pessoas, este estado imutável,

o vermelho dos olhos, as mortalhas,

o silêncio.

Em mim, os sonhos, as esperanças,

cada amanhecer, sensações amordaçadas,

sentimentos destruídos.

Gritos e vozes, em correntes de aço,

como feridas abertas na alma.

Corpo e alma lançados contra muros,

clamando respostas,

buscando luz.

Tudo em mim,

como sombras, migalhas,

restos de dias enfiados no peito,

tiro na alma, dor e dúvida.

Resta o possível,

resta quebrar os grilhões,

esquecer os porões,

soltar as algemas.

Resta oferecer braços e abraços

e bocas e beijos e risos.

Resta afogar todas as mágoas,

lavar toda a dor,

sonhar todos os sonhos.

Resta manter a esperança,

como chama acesa

e buscar as mãos generosas,

e os braços

que sempre estiveram estendidos.



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